quarta-feira, 4 de maio de 2011

Entrevista com Celso Blues Boy

Para os que gostam de um bom Blues (em português), ai vai um trecho da entrevista com Celso Blues Boy, falando sobre a vida, carreira e suas idas e vindas no mundo do Blues.


Celso Blues Boy
Por: Rafael Souza e Luiz Kafka

Você é considerado por muitos o precursor do blues no Brasil. Como foi o seu primeiro contato com o blues?

Um tio-avô meu foi para os Estados Unidos, mas não entendia nada de música. Então pediu para o lojista escolher uns discos e me enviou alguns. Nessa época, com onze anos de idade mais ou menos, ouvia todos os dias aquele disco em minha vitrola de pilha. Nos anos 70, já no Rio de Janeiro, e já tocando guitarra, fui em uma festa e lá havia alguns instrumentos: guitarra, bateria, baixo, e disseram para alguém que eu tocava. Depois que eu toquei algumas músicas uns caras vieram me falar: “Pô! Como é que você conhece blues?” E eu disse: “Mas eu não conheço blues”. “Como não conhece? Você tá tocando blues!” Aí, fiquei amigo dos caras e depois levei aquele disco que eu tinha desde criança pra eles verem e eles disseram: “Esse cara aqui é o B. B. King. É o rei do blues”. Mas até aquele momento eu não sabia quem era B. B. King, se era um guitarrista solo ou era só o cantor, só sabia da fotografia do negão lá. Mais nada. Daí, conheci algumas pessoas e mais algum material de blues e comecei a tocar, e também a compor em português, porque achava que não seria interessante fazer igual a eles, pois ninguém faria melhor que eles a não ser que tentasse fazer com alguma coisa de diferente.

Você participou de uma banda tida como uma das primeiras bandas de blues do Brasil. Como foi isso?

Nos anos setenta ainda, um cara chamado Geraldo Darbili era baterista. Ele e a tia dele compraram uma casa em Copacabana e fizeram o primeiro pub de blues que teve no Brasil. Esse lugar se chamava Apaloosa, e ele me contratou pra fazer o meu som, com alguns outros músicos. Eu sugeri que a banda se chamasse Aeroblues. Depois ele até registrou o nome, mas tudo bem, não tem problema. A banda causou um imenso impacto na época, pois não se tinha registro de banda de blues no Brasil. Chegávamos a fazer cerca de três shows por noite em finais de semana, com muita gente esperando do lado de fora. Foi assim durante dois anos e meio, quase três.

Você tocou com vários nomes da música brasileira antes de se firmar na carreira solo. Como foi essa experiência?

Com 17 anos eu tocava com Sá & Guarabira. Toquei com vários artistas, eu gosto sempre de dizer. Toquei com Raul Seixas, com o Melodia, gosto de dizer porque eu gosto deles. Mas já gravei discos com outras pessoas e fazia shows com elas também. Além disso tinha as minhas bandas. Tinha uma chamada Legião Estrangeira, que é muito anterior ao nome Legião Urbana. Renato Russo até falou: “Pô, eu sei que você tinha a Legião Estrangeira. Não tem grilo?” E eu disse: “Não, não tem grilo nenhum”. Raul foi uma grande experiência. Gravamos discos, fizemos muitos shows e ele era uma pessoa muito querida para mim. É uma pena que ele nunca teve alguém que realmente se importasse com ele, para não permitir o que certas amizades que ele tinha, fizessem o que fizeram com ele. Ele não tinha quem o protegesse. Raul queria na verdade ser algo como Elvis Presley. Ele era um rocker. Às vezes ficava muito louco. Atire a primeira pedra quem nunca fez uma besteira.




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